quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PM usa arma de fogo contra manifestante durante protesto dos professores, no Rio

Jornal do BrasilCláudia Freitas
Em meio ao confronto entre Batalhão de Choque e membros do grupo Black Bloc, na noite desta segunda-feira (7/10), durante protesto dos profissionais de Ensino do Rio de Janeiro, um policial militar apontou uma arma de fogo para um dos manifestantes e, em seguida, imobilizou-o com um golpe conhecido como "voadora". O Jornal do Brasil flagrou o momento de violência em que o PM aponta a arma para o rapaz, que não foi identificado no local. 
Ao avaliar a foto publicada pelo Jornal do Brasil, o professor e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano, considerou a postura do policial militar inapropriada, já que o manifestante não apresentava um risco aparente para o PM e não estava armado. Ignácio explica que a avaliação técnica da foto demonstra que a polícia usou de muita truculência, enquanto deveria seguir os princípios de proporcionalidade. "Entendemos até que o policial que está numa operação desta natureza corre riscos e deve ficar alerta, mas não justifica ele usar uma arma de fogo em direção a um manifestante que está desarmado. Esse policial aumenta os riscos de acidente, pois ele pode atirar de repente", destacou Ignácio. 
A cena provocou revolta e muitos jovens tentaram impedir que o PM levasse o rapaz para a delegacia. A Polícia Militar enviou para as ruas um efetivo menor de policiais, mas não conseguiu evitar as depredações do patrimônio da cidade e nem as cenas de truculência e extrema violência. Na semana passada, a manifestação dos professores que aconteceu durante a votação do plano de cargos e salários, na Câmara Municipal, terminou com vários educadores feridos, presos e um rastro de destruição pelas ruas do Centro da cidade.
O manifestante estava saindo de uma agência bancária localizada na Avenida Rio Branco, próximo ao Consulado de Angola, que tinha acabado de ser destruída pelos "mascarados", quando foi abordado violentamente pelo policial. O PM fez a abordagem já usando a arma de fogo e, com a ajuda de outros policiais do Choque, imobilizaram o rapaz. A confusão chamou a atenção de jovens que participavam do protesto e eles pediram a liberação do manifestante. Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil OAB/RJ) foram chamados para prestar atendimento ao rapaz detido e encaminhado em uma viatura da PM para a delegacia.
Jornal do Brasil encaminhou as imagens para a Polícia Militar do Rio, que enviou uma nota justificando que o policial fotografado estava responsável por uma cabine e ele foi cercado por um grupo de manifestantes, que ameaçaram depredar a cabine. "Sua ação foi profissional, inclusive, como mostra a imagem, mantendo o dedo indicador fora do gatilho", diz a nota.
O Rio de Janeiro amanheceu com as marcas do confronto. O grupo de Black Blocs infiltrados no ato dos professores, incendiaram um ônibus na Avenida Rio Branco, depredaram mais dois coletivos e várias agências bancárias. Os mascarados jogaram dois coquetéis-molotov no Consulado dos Estados Unidos e o Consulado de Angola também ficou com as marcas do vandalismo. A tropa de Choque se posicionou próximo ao consulado e começou a dispersar os manifestantes com bombas de gás e de efeito moral. Os Black blocs assumiram a direção de dois ônibus e colocaram os veículos de forma que bloqueassem a Avenida Rio Branco ao lado do monumento do Obelisco. Bombeiros conseguiram apagar as chamas de um ônibus que foi incendiado. 
A Câmara Municipal foi o principal alvo dos mascarados e teve as janelas quebradas e houve um princípio de incêndio na casa. Nesta terça-feira (8), a Câmara continua interditada para limpeza e recuperação dos bens depredados.

Paes pede que professores não 'radicalizem tanto' para greve terminar

'Quem senta na mesa e pede para revogar lei não quer acordo', diz prefeito.
Paes diz que 9% dos docentes estão em greve; Sepe diz que adesão é 60%.
Representantes de conselhos dos profissionais da educação se reuniram nesta terça-feira (8) com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, para conversar sobre a greve dos professores e funcionários da rede municipal, iniciada em 8 de agosto. A reunião ocorreu no Palácio da Cidade em Botafogo, na Zona Sul. Segundo a assessoria do prefeito, apesar do estado de greve, cerca de 91% dos professores já estão dando aulas nas instituições. Paes confirmou o corte de ponto dos grevistas, que será feito de forma retroativa desde o 
"O objetivo de hoje não é decidir e sim dialogar com os conselhos. O caminho para o fim da greve é que os líderes sindicais não radicalizem tanto. Quem senta na mesa e pede para exonerar a secretária e revogar uma lei não quer acordo", disse Paes.
Ainda segundo a assessoria, o Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe) não foi convidado para a reunião, após sucessivas tentativas de acordo entre as partes. O Sepe afirmou no sábado (5), que cerca de 60% dos professores estavam em greve. No mesmo dia, a prefeitura se reuniu com pais de alunos para ouvir as reivindicações da categoria.

Estavam presentes na reunião quatro conselhos: o de pais de alunos, de diretores, de funcionários e de professores. Para representar o estado, Alem do prefeito, estava a secretária de educação, Cláudia Costin, e secretário chefe da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho.

Liminar negada
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou na segunda-feira (8) um recurso do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) contra a liminar que obriga os professores da rede municipal a voltar a trabalhar, sob multa de R$ 200 mil por dia. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (7) e autoriza a prefeitura a cortar o ponto dos docentes a partir do dia 3 de setembro.
O Sepe confirmou que o recurso foi cassado, mas disse que ainda vai se reunir com o advogado do sindicato para planejar os próximos passos.

"O plano de carreira está aprovado, o aumento de 15% já ocorrerá em novembro para aposentados, ativos e inativos. A prefeitura já tem decisão judicial desde 3 de setembro para cortar o ponto de quem não estiver trabalhando e o corte deve ser retroativo desde essa data", explicou o prefeito.
Protesto no Centro
Um grande protesto realizado no Centro do Rio, das 17h às 20h de segunda, começou com uma passeata pacífica que reuniu milhares de pessoas — 10 mil, segundo a Polícia Militar, e 50 mil, de acordo com o sindicato de professores. Entre as reivindicações, melhores salários para os docentes (entenda). Às 20h30, no entanto, começou mais uma noite repleta de cenas de vandalismo, causada por uma minoria de ativistas mascarados, após o fim do protesto em apoio aos profissionais da educação, em greve desde 8 de agosto.
Desta vez, um grupo com cerca de 200 jovens pichou, quebrou janelas e tentou invadir e incendiar o Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal, na Cinelândia, dando início a uma série de vandalismos. Até então, poucos policiais tinham sido vistos nos arredores do protesto. Um agente que não quis se identificar confidenciou: "Recebemos ordem para não fazer nada. Ficamos entrincheirados no QG [quartel-general] e, pela primeira vez, começamos a trabalhar depois que fomos atacados", disse ao G1.

Dilma: "Antes de ser candidata, sou presidente"



A presidente foi entrevistada no Programa do Ratinho e falou sobre política, investimentos para o país e também sobre comida, leitura e a rotina do cargo
Programa do Ratinho, do SBT, com a presidente Dilma Rousseff que foi ao ar na noite desta segunda-feira, 07, trouxe Dilma falando sobre questões importantes para o País, como o investimento em ferrovias e obras da Copa do Mundo, mas também sobre a vida no Palácio da Alvorada, comida, leitura e a rotina no cargo. Ela aproveitou para dizer que antes de se preocupar com a reeleição, se preocupa com o mandato como presidente, o que classificou como uma "vantagem" em relação aos demais.
"Eu tenho uma vantagem na vida em relação a qualquer outra pessoa, eu sou a presidente. Antes de eu ser candidata, eu sou presidente até o dia 31 de dezembro de 2014", disse Dilma, ao ser questionada por Ratinho se era candidata à reeleição.
Segundo Dilma, as outras pessoas que desejam chegar ao cargo "estão no direito delas e elas fazem campanha". "Eu sou a única pessoa desse País que exerço a presidência. Antes de querer ser reeleita tenho que querer exercer a minha presidência até o dia 31 ", disse Dilma.
Com os intervalos comerciais, a entrevista com a presidente durou mais de uma hora na televisão. Entre os assuntos, Dilma comentou as manifestações de junho, dizendo que o governo teve uma atitude de ouvir as ruas. "Dificilmente sem as manifestações de junho nós teríamos conseguido os royalties para a educação", reiterou, reforçando o que já vem dizendo em seus discursos oficias.
Ela classificou como um "erro" o País não ter investido em ferrovias no passado e afirmou que o governo atual faz um "grande esforço" para implementar as ferrovias no Brasil. "Nós não temos trem no Brasil por um erro, talvez um dos maiores entre outros que nós cometemos", disse.
Dilma afirmou durante a entrevista que há um problema de gestão "generalizado no setor público brasileiro", quando Ratinho comentou que há prefeituras que recebem verba para educação, mas não sabem gerir o recurso. "Tem um problema de gestão. Tem sim. Nós sempre vamos ter que melhorar a gestão dos recursos públicos", comentou Dilma. "Gastar bem é tão importante quanto ter dinheiro", disse a presidente. "Vou te dizer com sinceridade eu não acho que sobra dinheiro na educação", completou.
Vida de presidente
Em rede nacional, Dilma confessou que já entrou "umas duas vezes" na piscina do Palácio da Alvorada e disse que sente falta de andar na rua e ir ao cinema. "Às vezes eu negocio, outro dia eu negociei e falei para o general chefe da minha segurança: general, vamos andar na praça da Liberdade? Lá em Belo Horizonte." "Dá para fazer sempre subitamente, mas você incomoda. No cinema, você senta e eles (seguranças) te cercam", disse Dilma. "Que adianta eu andar cercada de gente por todos os lados? Só fugindo. Às vezes eu fujo", disse Dilma, que confessou ficar muito isolada na Alvorada.
Dilma contou que não consegue dormir quando chega do trabalho sem ler ou ouvir música. "Quando eu não tinha livro, lia até bula de remédio. Foi em outra circunstância da minha vida que eu não tinha livro e lia qualquer coisa", contou Dilma, que citou o filme Fahrenheit 451, do diretor François Truffaut, ficção que apresenta um futuro onde os livros são proibidos. "Tenho por livro uma verdadeira adoração."
A presidente também falou sobre o programa Minha Casa, Minha Vida e disse que o que a emociona na presidência "é quando você vê que transforma a vida de alguém".
O programa do Ratinho já havia recebido presidenciáveis no quadro Dois Dedos de Prosa, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), além da ex-senadora e parte da chapa de Campos, Marina Silva. Depois das manifestações de junho, Dilma adotou uma nova política de comunicação, concedendo entrevistas a rádios locais das cidades que visita e com a retomada da sua conta no twitter.
No Ratinho, ela mostrou partes do Palácio da Alvorada, como a capela e, entre outros assuntos pessoais, contou que gosta de comer "mexidão" e que não deixa o neto, Gabriel, pegar itens do Palácio da Alvorada dizendo "não pega nisso, que é do povo brasileiro". "Ele vai ficar querendo saber quem é esse povo brasileiro", brincou Dilma.

Obama quer diálogo sem ameaça de paralisação e calote



Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira - oitavo dia de paralisação -, Obama alertou que a falta de ação dos parlamentares pode criar "o risco significativo de uma recessão muito profunda"
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, buscou aumentar a pressão sobre o Congresso para encerrar a paralisação parcial do governo do país. Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira - oitavo dia de paralisação -, Obama alertou que a falta de ação dos parlamentares pode criar "o risco significativo de uma recessão muito profunda".
Ele disse não ter problemas para conversar com os republicanos, mas somente após eles aprovarem um projeto para financiar o governo e elevar o teto da dívida. "Eu disse a John Boehner (presidente da Câmara) que as negociações não devem ser acompanhadas de ameaças de paralisação, caos econômico e default", disse Obama.
Obama quer projetos "limpos" sem condições republicanas atreladas e por isso criticou o partido adversário por tentar conseguir "um resgate" para reabrir o governo e elevar o teto da dívida. Ele afirmou, porém, que o governo está disposto a aceitar um projeto de financiamento nos níveis atuais, mesmo que de curto prazo.
O presidente também lembrou que, somente esta semana, já perdeu encontros críticos na Ásia. Segundo Obama, os democratas já negociaram questões orçamentárias com os republicanos mais de 20 vezes.
Obama também minimizou os comentários de que os EUA não entrariam tecnicamente em default se o Congresso não elevar o teto da dívida. "A decisão de permitir um default, segundo muitos CEOs e economistas, seria insana, catastrófica, caótica - e essas são palavras educadas", disse.
O presidente lembrou que não há opção boa no caso de um default e que deixar de pagar qualquer obrigação afetaria a credibilidade do país. "Minha mensagem para o mundo é de que os EUA sempre pagaram suas contas e vão continuar assim", afirmou, acrescentando que o Tesouro está explorando todos os planos de contingência. Segundo ele, no pior cenário, "existem algumas coisas que tentaremos fazer".
Obama disse ainda que o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, dará mais detalhes sobre o assunto na quinta-feira, quando está previsto seu depoimento ao Senado. Fonte: Dow Jones Newswires.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Maduro pede ao Parlamento poderes para governar por decreto



Maduro, que assumiu o cargo em meados de abril depois da morte do socialista Hugo Chávez, herdou um país dividido, com alto índice de criminalidade e uma economia debilitada
 presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu
 nesta terça-feira (8) à Assembleia Nacional para aprovar uma lei que lhe daria luz verde para governar por decreto, a fim de combater a corrupção que aflige o país e o que o presidente chama de "guerra econômica".
Maduro, que assumiu o cargo em meados de abril depois da morte do socialista Hugo Chávez, herdou um país dividido, com alto índice de criminalidade e uma economia debilitada, e recentemente teve que lidar com milionários escândalos de corrupção que atingiram o governo.
"Eu vim para pedir mais poderes para aprofundar, acelerar, batalhar por uma nova ética política, uma nova vida republicana e uma nova sociedade", disse o presidente na Assembleia, dominada pelos governistas.
Embora a oposição afirme que o herdeiro da gestão Chávez aprofundou os problemas dos venezuelanos, Maduro insiste que é vítima de uma série de conspirações contra seu governo e que necessita da lei habilitante para enfrentá-las.
O pedido de Maduro será discutido na próxima semana. Para ser aprovado, precisa do voto de pelo menos três quintos dos 165 deputados.
Durante os 14 anos em que comandou a Venezuela, Chávez governou sob o amparo de quatro leis habilitantes transitórias: por seis meses em 1999, por um ano em 2000, por 18 meses em 2007 e novamente em 2011.
Nesses períodos, o líder socialista aprovou cerca de 200 decretos com valor e força de lei sem estar sujeito ao controle da Assembleia Nacional, gerando reclamações da oposição, que o acusou de ser "autocrata".
EFE/Erik Martensson / Comitê anuncia os vencedores do Nobel de Física em 2013
Comitê anuncia os vencedores do Nobel de Física em 2013

Cientistas que previram o bóson de Higgs ganham o Nobel de Física

Britânico Peter Higgs e o belga François Englert previram a partícula-chave para explicar por que a matéria elementar tem massa
O britânico Peter Higgs e o belga François Englert ganharam o prêmio Nobel de física de 2013 por preverem a existência do bóson de Higgs, a partícula-chave para explicar por que a matéria elementar tem massa, anunciou o comitê do Nobel nesta terça-feira (8).
Os dois cientistas eram favoritos para dividir o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (1,25 milhão de dólares) desde que o trabalho teórico deles foi finalmente confirmado por experimentos realizados no gigantesco colisor de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como Cern.
"A teoria premiada é uma parte central do Modelo Padrão das partículas físicas que descreve como o mundo é construído", disse a Real Academia Sueca de Ciências em comunicado.
"De acordo com o Modelo Padrão, tudo, de flores e pessoas a estrelas e planetas, consiste de apenas alguns blocos de construção: partículas de matéria."
O Nobel de física é o segundo a ser entregue este ano. Os prêmios por reconhecimento em ciências, literatura e paz foram entregues pela primeira vez em 1901, de acordo com o testamento do inventor da dinamite e empresário Alfred Nobel.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ministério das Minas e Energia está na mira de espiões americanos e canadenses

Fantástico teve acesso exclusivo a mais um documento vazado por Edward Snowden, o ex-analista de inteligência contratado Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos.

Documentos vazados pelo americano Edward Ssnowden, e obtidos pelo Fantástico, mostram que dessa vez o alvo é o Ministério das Minas e Energia. E não são só os Estados Unidos que estão envolvidos. As comunicações de computadores, telefones fixos e celulares do ministério foram mapeadas pela agência de espionagem do Canadá. É o que você vai ver nesta reportagem de
Sônia Bridi e Glenn Greenwald.
Esplanada dos ministérios. O centro do poder no Brasil. Um dos prédios é do Ministério das Minas e Energia. No andar térreo, uma sala especial. Os poucos autorizados a entrar se identificam com a digital - para que a porta se abra. Por dentro, um barulhão do ar condicionado potente em espaço pequeno, para preservar as máquinas.
Por elas, passa toda a comunicação do Ministério - telefones, email, internet. E são armazenados arquivos com todas as informações sobre a energia e os recursos minerais do país. A sala, chamada de cofre, tem paredes de aço, e é à prova de desastres.
Não é só proteção física. É a rede mais protegida da Esplanada dos Ministérios. Tem o mesmo sistema de segurança usado pelos bancos, por exemplo. Foi mapeada pelos espiões com um nível de detalhe surpreendente.
O Ministério das Minas e Energia está na mira dos espiões americanos e também canadenses.
O Fantástico teve acesso exclusivo a mais um documento vazado por Edward Snowden, o ex-analista de inteligência contratado da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Hoje ele está asilado na Rússia.
Esse documento só foi localizado na semana passada. Estava com milhares de outros, entregues em junho, em Hong Kong, por Snowden ao jornalista americano Glenn Greenwald, coautor desta reportagem.
“A quantidade de documentos são bem altos. Tem milhares dos documentos. Os documentos são muito complexos, demora tempo para ler esses documentos, entender, para conectar todos os documentos”, Glenn Greenwald.
Nos últimas dez dias, nós analisamos e checamos o documento, com a ajuda de especialistas em segurança da informação.
O material mostrado na reportagem é a apresentação de como funciona uma ferramenta de espionagem da Agência Canadense de Segurança em comunicação, a CSEC. O alvo é o Ministério das Minas e Energia do Brasil. A apresentação foi em junho de 2012 numa reunião anual de analistas ligados a agências de espionagem de cinco países.O grupo é chamado de F
ive Eyes-  cinco olhos - Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.  Edward Snowden estava nessa conferência.
“Eles estão dividindo todos os documentos, dando todos os documentos para avisar outros países tudo que eles estão fazendo”, afirma Glenn Greenwald.
Um programa de computador chamado Olympia dá o passo a passo de como foram mapeadas as comunicações telefônicas e de computador do Ministério, incluindo emails. O título de um slide revela a intenção da agência canadense: descobrir os contatos do meu alvo - que é o Ministério das Minas e Energia.O resultado desse monitora
mento é um mapa detalhado das comunicações do Ministério durante um período não especificado pelo documento.
Ligações telefônicas feitas do Ministério para outros países foram usadas como exemplo. No Equador, os números chamados com mais frequência são da Olade, a Organização Latino-Americana de Energia. No Peru, o número chamado é o da embaixada do Brasil.
Via internet, a agência canadense acessou a comunicação entre os computadores do Ministério e computadores de países do Oriente Médio, da África do Sul e até o próprio Canadá.
“Eu fiquei assombrado com o potencial, o poderio das ferramentas utilizadas. O Ministério das Minas e Energia foi totalmente dissecado”, afirma Paulo Pagliusi, especialista em segurança da informação.
“O Ministério das Minas e Energia foi totalmente dissecado"
Paulo Pagliusi, especialista em segurança da informação.
A ferramenta identificou números de celulares, registro dos chips e até marcas e modelos dos aparelhos. Descobrimos que um deles é usado pelo departamento internacional do Ministério.
Também por telefone, localizamos o outro usuário: o ex-embaixador do Brasil no Canadá, hoje no departamento de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Paulo Cordeiro. Procurado pelo Fantástico, ele não quis dar entrevista.
Na sexta-feira, em Brasília, o ministro Edison Lobão comentou o conteúdo da reportagem.
“Eu acho que configura um fato grave que merece repúdio. Aliás, a presidenta Dilma já o fez amplamente na ONU”, afirma Edison Lobão, ministro das Minas e Energia. 
“As tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser o novo campo de batalha entre os estados”, discurso a presidente Dilma Rousseff em 24 de setembro, 2013.
A própria presidente Dilma e a Petrobrás, empresa ligada ao Ministério, também foram alvo da espionagem americana, como o Fantástico mostrou com exclusividade.
E ambos podem ter sido espionados indiretamente com o acesso aos servidores do Ministério.
Os servidores são o cérebro de uma rede de computadores.
Alguns desses servidores são as chamadas redes privadas criptografadas. Significa que estão protegidas por uma série de códigos. Um dos servidores, por exemplo, é usado pelo Ministro para falar com a Agência Nacional de Petróleo, a Petrobras, a Eletrobrás e até com a presidente da República. São conversas de Estado, com estratégias de governo. Que ninguém deveria poder escutar.
“Não apenas com a autoridade superior do país, mas nós temos conversado com outras autoridades pelo sistema de videoconferência. Isso nós fazemos até por mobilidade do sistema. Lamento que tudo esteja sendo exposto a este tipo de espionagem”, afirma o ministro Edison Lobão.
De cada quatro grandes empresas de mineração do mundo, três têm sede no Canadá.
“O Canadá tem interesse no Brasil, sobretudo nesse setor mineral.  Se daí vai o interesse em espionagem pra servir empresarialmente a determinados grupos, eu não posso dizer”, diz o ministro Edison Lobão.
As principais informações sobre reservas minerais brasileiras são públicas, não é preciso espionar para ter acesso. Mas a estrutura do Ministério guarda informações estratégicas. Além da Petrobras, estão ligadas ao Ministério das Minas e Energia a Eletrobras, a empresa de pesquisa energética, Agência Nacional de Petróleo, que faz os leilões de campos de exploração do pré-sal e a Agência Nacional de Energia Elétrica, que regula os leilões de construção de usinas.
“E as informações podem servir a empresas que concorram nesses leilões. Eu acho isso gravíssimo. Ela sabe o que vai acontecer antecipadamente. Isso é um jogo de bilhões de dólares, coisa pouca, não”, afirma o ex-presidente da Eletrobras Luiz Pinguelli Rosa.
“É muito claro que o objetivo é econômico. Como o Snowden me disse na entrevista que eu fiz com ele três meses atrás em Hong Kong”, completa Glenn Greenwald.
Não há, nos documentos, nenhuma indicação de que o conteúdo das comunicações tenha sido acessado, só quem falou com quem, quando, onde e como. Mas quem assina a apresentação secreta termina dizendo o que deve ser feito daqui pra frente: entre as ações sugeridas, uma operação conjunta com um setor da NSA americana, o Tao, que é a Tropa de Elite dos espiões cibernéticos.
Objetivo: realizar uma invasão conhecida como ‘Man on the side’ - o homem ao lado. Com ela, toda a comunicação que entra e sai da rede pode ser copiada. É como trabalhar no computador com alguém ao lado, bisbilhotando. Daí o nome da invasão.
Edison Lobão: Nós estamos diante, evidentemente, de um sistema de espionagem internacional.
Fantástico: Que tipo de prejuízo o Brasil pode ter com isso, além do próprio prejuízo de quebra da soberania e dos direitos individuais?
Edison Lobão: Isso não foi avaliado ainda. Isso é uma questão que, ao longo do tempo, virá à tona.
Procurada pelo Fantástico, a embaixada do Canadá em Brasília disse que não comenta assuntos de inteligência e segurança.
Em nota, a Agência Nacional de Segurança dos EUA afirma que não vai comentar  publicamente supostas atividades de inteligência e que o tipo de informação que os Estados Unidos coletam no exterior é o mesmo obtido por todos os países.
A nota diz também que os Estados Unidos estão revisando os meios de obter inteligência, pra equilibrar privacidade e segurança dos cidadãos americanos e aliados.
Já a agência canadenses CSEC disse que não comenta as atividades de inteligência no exterior.
Outros documentos da espionagem
Esta imagem abaixo é a primeira página da apresentação feita em junho de 2012 por um analista da agência CSEC - em tradução literal, Estabelecimento de Segurança das Comunicações do Canadá.
Em seu site, a agência explica sua finalidade: “o CSEC recolhe sinais de comunicações estrangeiras originados e encerrados no exterior.”
imagem1 (Foto: reproducao)Neste slide abaixo, a introdução ao tema da apresentação: o programa Olympia e um estudo de caso. A  Ferramenta de Conhecimento de Rede do CSEC, Várias Fontes de Informação, Enriquecimentos Encadeados, Análise Automatizada. Ministério das Minas e Energia (MME). Um novo alvo a ser desenvolvido. Acesso limitado. Conhecimento de alvo.imagem2 (Foto: reproducao)

As perguntas que a apresentação procura responder:
“Como posso usar a informação disponível em fontes de dados de inteligência de sinais para aprender sobre o alvo?
“O que posso encontrar que me ajude a informar os esforços de desenvolvimento de acesso?”
“Posso automatizar o processo analítico e/ou reutilizar análises criadas para outros fins?”
A sigla SIGINT é, literalmente, Inteligência de Sinais, um modo de designar interceptação de informações.
imagem3 (Foto: reproducao)
Aqui, diagramas mostram como se identificam os “celulares do alvo”. No pé do slide, aparecem dois números de Brasília e a numeração dos respectivos chips.
imagem4 (Foto: reproducao)
Neste slide, o fluxo que apresenta o processo que determina “os IPs com os quais meu alvo se comunica”.
imagem5 (Foto: reproducao)
O slide seguinte contém uma tabela que mostra o resultado da busca dos IPs. São provedores de países como Tailândia, Jordânia, Irã, Arábia Saudita e Canadá.
imagem6 (Foto: reproducaotv)
Na 
conclusão, o responsável pela apresentação afirma: “Identifiquei os servidores de correio que foram alvo de coleta passiva pelos analistas de Inteligência, que estão avaliando o valor, a origem etc do tráfego gerado pelos servidores de correio”.
As demais linhas informam que à época (junho de 2012) a agência trabalhava para avaliar uma possível operação de observação passiva (Man on the Side operation), o que dá a entender se tratar de uma vigilância sem interferência, e para aprofundar as análises sobre o Ministério, com base na informação de rede obtida.
imagem7 (Foto: reproducao)